MUNDO PEQUENO

O mundo é pequeno demais para quem só quer saber de si próprio e mais ninguem, vive do odio e da dor, não conhece o bem nem o amor.
Mas como se pode culpar alguém por não ter algo que nunca conheceu. Desde menino cresceu e viveu com o que aprendia e percebeu do perigo que era, vir a tornar-se no proprio criador um dia.

Mas já era tarde. O odio havia consumido a parte boa do seu ser, tornando-o em mais uma vitima da rua, onde a verdade e a crueldade se vêm a toda a hora, nua e crua.
Não sabe amar, nunca teve motivo, mas sabe matar. Quem se mete no seu caminho teve um grande azar. Aprendeu a não confiar em ninguém, só conhece a desconfiança.

A vida não deu-lhe amigos mas esmerou-se em inimigos. A criança e o adulto vivem juntos, não teve infância, antes pelo contrário, teve de se matar para encher a pança.
Foi explorado, humilhado e violentado no seu direito de viver, no seu direito de ter um Pai, uma Mãe, um lar de verdade. Sequestraram a sua felicidade.

Proibiram-no de escolher um bom caminho, negaram-lhe um sonho, obrigaram-no a sobreviver. A rua é madrasta, um abrigo, um livro aberto para a vida, as também sinal de perigo, sentido único, um beco sem saída, onde a única saída é por cima, de gentes e cadáveres, muitas vezes inocentes e não cientes do que se passa realmente.

Estão iludidos por uma fachada de bons costumes e valores servem para camuflar o podre que há no interior da nossa sociedade mediocre, que cada vez mais se esconde dos seus problemas, ou melhor, arranja dez para resolver dois ou três. E continua tudo na mesma como vês.

E culpam quem? Todos aqueles que não têm oportunidades neste mundo de todos feito para poucos. Um mundo de loucos, pequeno onde todos andam como loucos e todos querem saber de si mesmos e mais ninguém.